sexta-feira, 31 de março de 2017

Como a solidão pode comprometer a sua saúde

Segundo estudo, solitários têm risco 39% maior de apresentar sintomas mais intensos de um resfriado. Ter muitos amigos nas redes sociais não diminui o risco

De acordo com os pesquisadores, mesmo não estando fisicamente isolado, o próprio sentimento de solidão pode afetar a saúde. (IStock/Getty Images)

Você se sente sozinho? Uma nova pesquisa, publicada na revista Health Psychology, sugere que seu nível de solidão pode impactar diretamente na gravidade e na resposta do organismo a uma doença.

Para o atual estudo, os pesquisadores avaliaram níveis de solidão de 159 pessoas, entre 18 e 55 anos, além da quantidade de amigos que elas tinham nas redes sociais. Depois, os voluntários receberam, por via nasal, doses iguais de vírus de resfriado comum. Eles, então, ficaram isolados por cinco dias em um hotel para que os sintomas manifestados fossem avaliados pelos especialistas.

Os achados
Todas as pessoas que participaram do estudo tiveram a mesma chance de ficar doentes, mas aquelas que relataram sentir-se mais solitárias manifestaram os sintomas de resfriado como dor de garganta, espirro e coriza mais graves do que as que não se sentiam sozinhas. Segundo os resultados, os participantes solitários apresentaram uma probabilidade 39% maior para os sintomas mais agudos.

Além disso, os pesquisadores ressaltaram que a quantidade de interações sociais que as pessoas tinham pelas redes não teve um impacto significativo, o que sugere que o próprio sentimento de solidão pode afetar a saúde. “Você pode se sentir sozinho mesmo em uma sala cheia de pessoas”, disse uma das autoras da pesquisa Angie LeRoy, da Universidade de Houston e Universidade Rice, nos Estados Unidos, segundo o site da revista americana Time. “Não importa com quantas pessoas você tem amizade em suas redes sociais. Se elas não são significativas em sua vida, não fará diferença.”

Os cientistas concluíram que a qualidade dos relacionamentos é mais importante do que a quantidade de amigos. “Se você está tentando reverter esse sentimento, aumentar o número de contatos, por exemplo, não irá ajudar”, explicou à NPR Julianne Holt-Lunstad, professora de psicologia e neurociência da Universidade Brigham Young, nos Estados Unidos.

O risco
Estudos anteriores já mostraram que os sentimentos podem interferir na qualidade de vida, aumentando o risco de doenças ou impactando os sintomas. A razão para isso ainda não é totalmente clara. Sabe-se, por exemplo, que a solidão pode enfraquecer o sistema imunológico e deixar o corpo mais vulnerável a doenças como herpes ou quadros de inflamações crônicas, como artrite reumatoide e diabetes tipo 2. Isso aconteceria porque a solidão é um tipo de stress, situação que afeta as defesas do organismo.

A solidão tem sido reconhecida como um fator de risco para a saúde. Pessoas que se sentem solitárias têm um risco aumentado de 26% de sofrer morte prematura. “Se sentir sozinho pode ter efeitos na saúde como um todo, até mesmo sobre algo tão simples como um resfriado“, disse Angie. “Precisamos dar mais atenção a esse problema.”

Atenção: O Saúde Canal da Vida é um espaço de informação, divulgação e educação sobre assuntos relacionados a saúde, não utilize as informações como substituto ao diagnóstico médico ou tratamento sem antes consultar um profissional de saúde. Este site não produz e não tem fins lucrativos sobre qualquer uma das informações nele publicadas, funcionando apenas como mecanismo automático que "ecoa" notícias já existentes. Não nos responsabilizamos por qualquer texto aqui veiculado.

Perda urinária: isso não precisa ser um pesadelo!

A perda urinária ainda é vista como um estigma. Felizmente, graças aos avanços da ciência, há solução para quase todos os casos

Perda urinária (Istock/Getty Images)

Para muitas mulheres, a perda urinária é um assunto difícil, um obstáculo nas interações interpessoais, um estigma que algumas vezes impede até a busca de tratamento. Em alguns países chegam ao absurdo de serem “banidas” inclusive do convívio de sua família por conta desta patologia. Ela pode chegar até a 47% das queixas referidas em consultas ginecológicas.
Mas nem tudo precisa ser triste assim, graças a muitos avanços da ciência, hoje temos solução para quase todos os casos. Existe uma área de especialidade denominada uroginecologia, tal a complexidade envolvida neste tipo de avaliação e tratamento.

Causas
Para que o sistema miccional funcione bem deve haver um equilíbrio entre o enchimento da bexiga e o fechamento e abertura da uretra, trata-se de um jogo de forças que, quando alterado, produz o sintoma da incontinência. Há diversas causas como flacidez muscular decorrente de gestações , traumas de partos normais, atrofia genital na fase de pós menopausa, obesidade, infecções, diabetes,uso de medicamentos, tosse crônica, doenças neurológicas ou traumáticas, derrame cerebral e, mais raramente, tumores.

Diagnóstico
A avaliação médica ideal se inicia com uma “boa conversa” para construção da história clínica (anamnese), diário miccional no qual a paciente relata com detalhes sobre a perda de urina, o funcionamento intestinal, antecedentes obstétricos, doenças de base, medicamentos em uso e cirurgias que possam ter piorado o quadro.

O exame clínico/ginecológico é indispensável, pois detecta alterações anatômicas, identifica alteração no posicionamento dos órgãos (distopias), sinais de hipoestrogenismo e atrofia genital. O teste clínico de esforço e o teste do cotonete são fundamentais no diagnóstico.

Outras ferramentas são os exames complementares (exame de urina, ultrassom com avaliação dos órgãos pélvicos, medida de resíduo miccional, verificação do ângulo uretral, teste urodinâmico e eventual cistoscopia) finalizam esta investigação.

Tratamento
Os tipos de incontinência urinária dividem-se em incontinência urinária de esforço, de urgência e mista. Já os tratamentos são realizados de acordo com o diagnóstico e podem variar desde exercícios fisioterápicos específicos, eletroestimulação, uso de cones vaginais, laserterapia e radiofrequência vaginais (formas de estimulação de formação de colágeno), além de uso de medicamentos.

O tratamento cirúrgico é muito específico e seu sucesso depende de um diagnóstico bem feito, varia desde uma perineoplastia para correção do mal posicionamento dos órgãos (distopias genitais), “slings” com faixas sintéticas ou com tecido autólogo que apoiam a uretra, e até, em alguns casos, a histerectomia (retirada do útero).

É fundamental que nós mulheres estejamos bem informadas sobre o assunto e, na presença deste sintoma, procurar um especialista. Afinal, a correção da incontinência urinária foi uma das áreas da ginecologia e urologia que mais evoluíram e há, nos dias de hoje, soluções que certamente irão proporcionar uma vida normal e saudável.

Por Marianne Pinotti
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quinta-feira, 30 de março de 2017

Os efeitos do consumo do chá no Alzheimer

De acordo com os pesquisadores chineses, o consumo diário de chá preto ou chá verde pode melhorar o funcionamento da memória e as funções cognitivas

Chá verde (iStock/Getty Images)

O consumo regular de chá pode reduzir o risco de declínio cognitivo em idosos, particularmente entre aqueles com risco genético para Alzheimer, de acordo com pesquisadores do departamento de psicologia da Yong Loo Lin School of Medicine, da Universidade de Singapura. Entre os participantes da pesquisa, foi observado um risco 50% menor de declínio cognitivo para aqueles que tomavam a bebida com maior frequência.

Graças ao alto nível de antioxidantes, a bebida já tem sido associado a riscos menores de diabetes, doenças cardíacas e câncer. Com base em estudos anteriores, que sugeriam a relação entre a ingestão de chá e um melhor funcionamento da memória, os pesquisadores procuraram determinar qual seria a relação entre a bebida e os benefícios cerebrais. Os pesquisadores notaram melhoras cognitivas em pacientes que preferiam bebidas feitas à partir da infusão folhas de chá, como chá verde, chá preto e o oolong, chá de origem chinesa muito semelhante aos anteriores.
Benefícios na composição

As propriedades benéficas podem estar relacionados a substâncias como as teoflavinas, as catequinas, os teorubígenos e a L-teanina, comumente encontradas nos chás. “Esses compostos apresentam potencial anti-inflamatório e antioxidante e outras propriedades bioativas que podem proteger o cérebro de danos vasculares e da neurodegeneração“, explicou ao Medical News Today o professor e coordenador do estudo, Feng Lei. No entanto, os mecanismos biológicos desses produtos não foram detalhados na pesquisa.

O levantamento, publicado no The Journal of Nutrition, Health & Aging, coletou dados de 957 chineses com 55 anos ou mais, entre 2003 e 2005. A equipe de pesquisa analisou informações sobre a quantidade, sabor e frequência com a qual os participantes consumiam a bebida. A cada dois anos, até o ano de 2010, os participantes foram submetidos a avaliações padronizadas que avaliaram suas funções cognitivas.

Em comparação com os adultos que raramente bebiam chá, aqueles que o consumiam regularmente obtiveram 50% menor risco de demência, até mesmo entre os que possuíam o gene Apo-E E4 – associado ao risco de Alzheimer – nesses casos foram identificado riscos até 86% menores. Outros fatores também foram contabilizados, incluindo a presença de outras condições médicas, atividade física e social que pudessem gerar conflitos, mas os resultados permaneceram. “Os dados do nosso estudo sugerem que uma medida de simples e barata, como beber chá diariamente, pode reduzir os risco de uma pessoa desenvolver distúrbios neurocognitivos na terceira idade”, disse Lei.

Cura para a demência
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 47,5 milhões de pessoas vivem com demência no mundo. Há cerca de 7,7 milhões de novos casos da doença a cada ano. Em 2050, estima-se que o número de pessoas que vivem com demência terá aumentado para 135,5 milhões.

Embora os resultados tenham sido observados na China, os pesquisadores acreditam que o levantamento pode ser aplicado em outras populações e ter implicações importantes para a prevenção da demência. Enquanto isso, eles planejam realizar mais ensaios para melhor compreender os efeitos dos compostos bioativos do chá sobre a saúde.

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Implantes devolvem movimento do braço e mão a tetraplégico

Em experimento inovador, pesquisadores americanos fizeram com que homem pudesse se alimentar sozinho por meio de uma "ponte" entre cérebro e músculos

Homem tetraplégico foi capaz de mover seu braço pela primeira vez em oito anos (Youtube/Reprodução)

Um homem tetraplégico conseguiu tomar café e comer purê de batatas com um garfo sem a ajuda de ninguém, em um experimento que está sendo classificado como “inovador” pela comunidade científica internacional. O feito inédito na medicina foi possível graças a eletrodos implantados no cérebro que leem os pensamentos e os transmitem para um computador que, por sua vez, os envia para os eletrodos nos músculos do braço, estimulando o movimento. O estudo, descrito nesta terça-feira na revista científica The Lancet, foi feito com um paciente que perdeu os movimentos abaixo dos ombros em um acidente de bicicleta, há oito anos.

“O restabelecimento da comunicação entre a vontade de se mexer do cérebro diretamente para o corpo restaura a esperança de que milhões de indivíduos com paralisia possam, um dia, ser capazes de se mover livremente”, disse Benjamin Walter, pesquisador da Case Western Reserve University, nos Estados Unidos, e um dos autores da publicação, em comunicado.

O experimento combina, pela primeira vez, movimentos funcionais e multi-articulares de um membro paralisado em um paciente com paralisia motora. Segundo os cientistas, este é um passo importante na restauração da mobilidade de paraplégicos e tetraplégicos.

Estudos anteriores já haviam alcançado resultados semelhantes com o uso dos estímulos cerebrais dos pacientes, por meio de interfaces cérebro-máquina (ICM). No entanto, a maioria foi realizada com braços robóticos e o único paciente que movimentou o próprio corpo conseguiu apenas abrir e fechar a mão. Testes feitos com macacos paraplégicos também obtiveram sucesso ao devolverem o movimento das pernas com o mesmo mecanismo de eletrodos.

Vencendo a paralisia
Para movimentar o braço novamente, o paciente americano Bill Kochevar, de 56 anos, foi treinado por 45 dias. No início, ele praticou o uso dos 96 canais de eletrodos implantados cirurgicamente na superfície do córtex motor – área do cérebro relacionada às atividades motoras voluntárias – com um braço virtual. Em poucos minutos, segundo o estudo, ele conseguiu mexer o modelo no computador. Em seguida, passou a movimentar o próprio membro com o pensamento transmitido por eletrodos espalhados pelo braço e antebraço e o apoio de um suporte. Ele foi capaz de utilizar mão, pulso, cotovelo, braço e ombro e se alimentar utilizando um garfo e beber água e café com um canudo.

Kochevar conseguiu movimentar cada articulação tanto individualmente, como em conjunto. Para superar a força da gravidade que o impedia de levantar o membro, ele utilizou um suporte móvel, que também estava sob o controle do seu cérebro. “Estou fazendo com que ele se mova sem ter que me concentrar muito nisso. Eu só penso e o braço vai”, disse o paciente, em comunicado.

A tecnologia, contudo, ainda tem limitações. Entre elas, o voluntário precisa olhar para seu braço o tempo todo para controlá-lo, visto que, devido à paralisia, ele perde o senso intuitivo dos movimentos e da localização do membro. Além disso, o sistema ainda utiliza muitos fios e os implantes cerebrais são temporários. Muitas melhoras ainda devem ser feitas, como uma melhor decodificação cerebral, para que o dispositivo possa estar disponível para pessoas com lesões na medula. “Isso não vai substituir os cuidadores. Mas, a longo prazo, as pessoas serão capazes, de forma limitada, de fazer mais por si mesmas”, afirmou o paciente.

“O objetivo é futurístico: um indivíduo paralisado pensa em mover seu braço, como se o cérebro e os músculos não estivessem desconectados, e uma tecnologia implantada executa perfeitamente o movimento desejado… esse estudo é inovador sendo o primeiro relato de alguém executando movimentos funcionais e multi-articulados de um membro paralisado com uma prótese neuronal e motora”, afirmou o cientista Steve Perlmutter, da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, em um comentário que acompanha o estudo publicado no Lancet.

Veja o vídeo (em inglês) do estudo divulgado pelos pesquisadores:



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quarta-feira, 29 de março de 2017

O consumo de frutas determinou a formação do cérebro humano

Um novo estudo sugere que a ingestão de frutas foi responsável pelo desenvolvimento de cérebros grandes e poderosos nos humanos

Segundo um novo estudo, alimentos como frutas contêm mais energia do que fontes básicas como folhas, fornecendo assim o combustível adicional necessário para evoluir para um cérebro maior. (IStock/Getty Images)

Nosso cérebro, grande e poderoso, provavelmente foi desenvolvido graças à ingestão de frutas. De acordo com um estudo publicado na revista científica Nature Ecology & Evolution, comer frutas foi um passo-chave e forneceu a energia necessária para o desenvolvimento de cérebros mais volumosos.

“Foi assim que conseguimos esses cérebros enormes”, disse Alex Decasien, autor do estudo e pesquisador da Universidade de Nova York, nos Estados Unidos.

No estudo, os pesquisadores observaram os alimentos básicos de mais de 140 espécies de primatas e concluíram que suas dietas não mudaram muito ao longo da evolução recente. Os resultados mostraram que os animais que se alimentam de frutas têm cérebros cerca de 25% maiores do que aqueles que ingerem principalmente folhas.
Frutas contêm mais energia

A descoberta questiona a teoria que prevaleceu desde meados da década de 1990, segundo a qual os cérebros maiores se desenvolveram a partir da necessidade de sobreviver e se reproduzir em grupos sociais complexos. Para Decasien, os desafios de viver em grupo podem ter contribuído para o desenvolvimento da inteligência, mas não foram encontradas associações entre a complexidade da vida social dos primatas e o tamanho dos seus cérebros. Por outro lado, a ingestão de frutas estava fortemente correlacionada com a dimensão do órgão.

Alimentos como frutas contêm mais energia do que fontes básicas como folhas, fornecendo assim o combustível adicional necessário para evoluir para um cérebro maior. Ao mesmo tempo, lembrar quais plantas produzem frutas, onde elas estão e como abri-las também poderia ajudar um primata a aumentar o tamanho de seu cérebro.

“Mas muitas perguntas permanecem, mas eu me sinto confiante de que o estudo deles vai reorientar e revigorar a pesquisa que procura explicar a complexidade cognitiva em primatas e outros mamíferos”, escreveu Chris Venditti, pesquisador da Universidade de Reading, no Reino Unido, em um comentário sobre o estudo, também publicado na Nature Ecology & Evolution.

(Com AFP)
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Você pode substituir carne por… linhaça?

Especialistas falam sobre opções de alimentos que podem substituir a carne, alvo recente de escândalo

Linhaça: a variedade dourada tem cerca de 30 gramas de proteína a cada 100 gramas (Thinkstock/VEJA/VEJA)

Em meio à preocupação com a qualidade das carnes brasileiras, muita gente passou a se perguntar como substitui-las por outros alimentos.

O temor está associado à operação Carne Fraca, da Polícia Federal, que revelou um esquema de suposta adulteração de carnes envolvendo alguns dos principais frigoríficos do país. Inicialmente, alguns importadores do produto decidiram suspender as compras do Brasil – alguns, como China e Chile, já voltaram na decisão.

Mas para o governo brasileiro não há motivo para pânico. Além de suspender o registro de exportação dos 21 frigoríficos que haviam sido alvo da operação, a gestão de Michel Temer reafirmou a qualidade das carnes produzidas no país.

Mesmo assim, memes zombando do episódio se multiplicaram na internet, muitos em referência à famosa frase da apresentadora Bela Gil que viralizou no ano passado – em seu programa de culinária na TV, muitas vezes ela sugere substituições de ingredientes por outros mais saudáveis.

A BBC Brasil ouviu especialistas em nutrição para descobrir quais alimentos, inclusive de origem vegetal, serviriam de alternativa às carnes – e também para responder à pergunta do título.

E, sim, é possível trocar a carne por linhaça como fonte de proteína, mas a semente não é o alimento de origem vegetal mais recomendado para a troca nem deve ser ingerido unicamente como substituto.

Entenda os motivos:

Peixes, ovos e laticínios
É consenso entre os entendidos no assunto: ninguém vai morrer de fome se abdicar de carnes de boi, de aves ou de porco.

Em média, um ser humano precisa ingerir de 0,8 grama a 1 grama de proteína por quilo de peso corporal por dia. Ou seja, um homem de 70 kg teria de consumir algo em torno de 56 a 70 gramas diariamente.

Considerando que 100 gramas de carne bovina (um bife pequeno) têm, aproximadamente, 25 gramas de proteína, bastaria consumir 300 gramas do alimento para alcançar a meta diária.

Neste sentido, dizem especialistas ouvidos pela BBC Brasil, a alternativa mais viável seria optar por outras fontes de proteína animal, como peixes e laticínios, uma vez que a proteína não está somente na carne vermelha.

Veganos
A situação muda de figura quando a proteína de origem animal é cortada totalmente do cardápio. Mesmo assim, é perfeitamente possível atender a mesma necessidade diária de ingestão de proteínas a partir de alguns alimentos de origem vegetal.

Isso porque a presença dos aminoácidos (moléculas orgânicas formam as proteínas) considerados essenciais (aqueles que não conseguimos sintetizar (mas são importantes para o funcionamento do nosso corpo) varia conforme a fonte alimentar, explica a nutricionista e personal diet Julia Granje, sócia do canal no YouTube Nutri Taste.

As chamadas “leguminosas”, como grão de bico, feijão, lentilha e ervilha também são essenciais na dieta, já que substituem a proteína da carne.

A combinação dos grãos com os cereais também gera proteína.

Neste sentido, o arroz (de preferência o integral) com feijão, a combinação mais tradicional na mesa do brasileiro, seria uma boa alternativa para quem quer deixar de comer carne e, ainda assim, manter a ingestão diária de proteína.

Especialistas observam, contudo, que a necessidade diária de proteína de uma pessoa depende de uma série de fatores: peso, nível de atividade física, estilo de vida, biotipo, entre outros. Por isso a importância de acompanhamento profissional.

E a linhaça?
Mas seria possível substituir a carne por linhaça? A resposta é: sim, é possível. Mas não é recomendado.

A variedade dourada tem cerca de 30 gramas de proteína a cada 100 gramas. Ou seja, teoricamente, um homem de 70 quilos precisaria comer em torno de 230 gramas (15 colheres de sopa) da semente para atender à sua necessidade proteica diária.

(Com BBC Brasil)
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Anti-inflamatórios aumentam risco de infarto, diz estudo

Segundo estudo, o uso do ibuprofeno aumenta o risco de parada cardíaca em 30%, enquanto o consumo do diclofenaco pode aumentar a incidência em 50%

Anti-inflamatórios podem aumentar o risco de doenças cardíacas quando ingeridos em grandes doses (iStock/Getty Images)

Um novo estudo publicado recentemente pela revista científica European Heart Journal apontou que medicamentos utilizados para combater dores e inflamações podem colocar em risco a saúde do coração. A pesquisa apontou que o uso dos anti-inflamatórios não-esteroides, conhecidos pela sigla AINEs, diclofenaco e ibuprofeno está associado a um aumento no risco de infarto.

Não é a primeira vez que essa categoria de remédios é relacionada à ocorrência de eventos cardíacos graves. Em setembro passado, outro levantamento associou os AINEs a um risco aumentado de insuficiência cardíaca. Para o estudo atual, os pesquisadores analisaram as paradas cardíacas registradas na Dinamarca em um período de nove anos, entre 2001 e 2010. Do total de 29 mil pessoas que sofreram uma parada cardíaca, 3 mil delas haviam utilizado um anti-inflamatório desse tipo até 30 dias antes do ataque — o que equivale a 12% do total. O levantamento mostrou que os mais consumidos naquele país antes do evento cardiovascular eram o ibuprofeno (51%) e o diclofenaco (21%).

O estudo apontou ainda que o aumento do risco de parada cardíaca com o uso do ibuprofeno supera os 30%, enquanto o uso do diclofenaco pode aumentar a incidência em 50%. Os especialistas alertam que aqueles que têm diagnóstico de doença cardiovascular, como hipertensão, devem ter cuidado redobrado.

“Permitir que esses medicamentos sejam adquiridos sem receita médica e sem qualquer conselho ou restrição envia uma mensagem ao público que eles estão seguros”, disse Gunnar Gislason, coautor do estudo em uma nota reproduzida pela Sociedade Europeia de Cardiologia. “Nosso estudo reforça a evidência de efeitos cardiovasculares adversos dos AINEs e confirma que eles devem ser levados à sério e usados apenas após consulta com um profissional de saúde”.

De acordo com a bula do ibuprofeno, “dados epidemiológicos sugerem que o uso de ibuprofeno, particularmente na dose mais alta (2400 mg diariamente) e em tratamento de longa duração, pode estar associado a um pequeno aumento do risco de eventos trombóticos (trombose) com infarto do miocárdio ou derrame”. E adiciona: “estudos epidemiológicos não sugerem que doses baixas de ibuprofeno (menos que 1200 mg diariamente) estejam associadas com o aumento do risco de eventos trombóticos (tromboses) arteriais, particularmente infarto do miocárdio”.

Na bula do diclofenaco, a fabricante também aponta que o medicamento não é indicado para quem tem doenças cardiovasculares e que pacientes de risco devem ter acompanhamento médico. “Se você tiver doença no coração estabelecida ou nos vasos sanguíneos (também chamada de doença cardiovascular, incluindo pressão arterial alta não controlada, insuficiência cardíaca congestiva, doença isquêmica cardíaca estabelecida, ou doença arterial periférica), o tratamento com diclofenaco sódico geralmente não é recomendado.”

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terça-feira, 28 de março de 2017

Espinafre é transformado em tecido cardíaco (e chega até a bater)

Usando a estrutura da planta, cientistas criaram uma versão em miniatura do coração humano que, no futuro, pode ser usado na regeneração do órgão

"Mini-coração" criado com as folhas de espinafre e células do coração. (Instituto Politécnico de Worcester/Divulgação)

Folhas de espinafre podem ser utilizadas como estrutura vascular de um coração, segundo um novo estudo, publicado na revista científica Biomaterials. O processo, que no futuro pode ajudar na regeneração do tecido cardíaco, consiste na utilização da estrutura “oca” da planta, com seus vasos condutores de seiva, para carregar sangue para o coração humano. Inserindo células cardíacas nesses vazios, os cientistas conseguiram fazer a estrutura pulsar. A descoberta, segundo os pesquisadores do Instituto Politécnico de Worcester, nos Estados Unidos, responsáveis pelo estudo, pode também ser um passo a mais para a pesquisa na sintetização de órgãos humanos artificiais que poderão, um dia, ser uma alternativa aos transplantes.

“Quando olhei para a folha de espinafre, seu caule me lembrou uma aorta [a principal artéria do coração]. Não tínhamos certeza de que funcionaria, mas acabou sendo bastante fácil e replicável e está funcionando em muitas outras plantas”, disse Joshua R. Gershlak, pesquisador do Instituto Politécnico de Worcester, nos Estados Unidos, e um dos autores do estudo, em comunicado.

A técnica utilizada pelos pesquisadores, conhecida como “descelularização”, já havia sido empregada na criação de uma orelha a partir de uma maçã na Universidade de Ottawa, no Canadá. No entanto, essa é a primeira vez que os cientistas incorporaram nas plantas as células do músculo cardíaco, que se contraem espontaneamente.

Coração de espinafre
Para chegar à estrutura do tecido cardíaco, os cientistas retiraram todas as células vegetais presentes nas folhas de espinafre, usando uma solução detergente que “lavou” a planta. O resultado do processo foi uma carcaça de celulose, com todas as ramificações da folha original. Em seguida, os pesquisadores inseriram células do tecido cardíaco humano nessas estruturas, para observar seu comportamento. Após cinco dias da aplicação, os pesquisadores viram, pelo microscópio, que os aglomerados de células humanas estavam se contraindo, espontaneamente. A equipe também inseriu fluidos avermelhados, similares ao sangue humano, na estrutura, que se movimentaram pelas “veias” do espinafre.

Descelularização da folha de espinafre (//Reprodução)

Até então, as tecnologias existentes ainda não haviam conseguido construir tecidos densos o suficiente para substituir um tecido cardíaco e fazer com que pequenas veias fossem capazes de distribuir os nutrientes necessários para mantê-lo. As ramificações de artérias e veias do coração têm menos de um milímetro e são muito difíceis de serem reproduzidas pela engenharia biomédica. Mas, como as plantas já possuem uma rede de distribuição capilar, semelhante à dos animais, elas suprem essa necessidade com relativa facilidade.

Com resultados iniciais bastante promissores, a equipe pretende agora continuar os estudos para desenvolver tecidos de celulose que funcionem dentro do corpo de animais. Se tiverem sucesso, as estruturas vegetais poderão corrigir diversas condições, como má formação ou funcionamento do coração, regeneração de áreas atingidas por infarto, além do cultivo e irrigação do músculo cardiovascular para transplantes. Além do espinafre, estão sendo testados pelos cientistas outros vegetais como a salsa, raízes de amendoim e a Artemesia annua, uma espécie de arbusto chinês.

Confira o vídeo (inglês) feito pelo Instituto Politécnico de Worcester, que mostra a estrutura do espinafre batendo como um coração:



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segunda-feira, 27 de março de 2017

O obeso não tem culpa, tem desejos

Uma nova linha de pesquisa em obesidade sugere que nós não engordamos porque comemos demais, comemos demais porque estamos engordando

Maça verde e Donut ou Rosquinha (IStock/Getty Images)

Mudanças comportamentais, tais como exercícios frequentes e reorientação alimentar, tem se mostrado bastante positivas em vários cenários, em especial na melhora de condições cardiovasculares, gastrointestinais, osteoarticulares e psíquicas, mas pouco ou nada sustentáveis a médio e longo prazo na diminuição ponderal. Mas continuamos vendendo este perfil comportamental para solucionar o problema de dois terços de americanos, brasileiros e tantas outras populações que se apresentam com sobrepeso e obesidade.

Tal culpabilização da vítima gera um processo global e gigante de sugestões de realinhamento alimentar, que encontra soluções na retirada industrial de gorduras de alimentos, substituição do açúcar por adoçantes sintéticos, adição de fibras e toda sorte de compostos de baixas calorias que renda melhor palatabilidade aos produtos modificados, produtos sem glúten, sem lactose e assim… Continuamos gordos – ainda que no momento pareça que alcançamos uma deprimente estabilização nos números americanos, restando um terço de magros.

Sem inocentar os obesos, a verdade é que já existem muitas linhas acadêmicas aceitando haver um grave erro conceitual na interpretação dessa doença, o qual provavelmente exigirá muitas décadas para minimizar suas consequências: Nós não engordamos porque comemos demais, o fato é que comemos demais porque estamos engordando. Apenas obedecemos ordens cerebrais impondo a ingestão de alimentos além do que necessitamos.

Essa incipiente “mea culpa” do mundo da ciência tem gerado uma busca frenética na identificação de elementos químicos com potencial de corromper a falível relação fome-saciedade-metabolismo. Essas substâncias são denominadas disruptores endócrinos, estruturas químicas capazes de imitar, bloquear ou atrapalhar os hormônios que regulam funções biológicas fundamentais em seres humanos e outros animais, incluindo o desenvolvimento cerebral, a reprodução, o metabolismo e o crescimento. Se avaliarmos estes compostos pela capacidade de indução à obesidade podemos denominá-los apenas obesogênicos.

A primeira exposição a estes compostos pode ocorrer em nossos tempos intrauterinos. Ao nascer já teríamos termostatos da fome e saciedade modificados, um número maior de células gordurosas e uma maior competência de armazenamento energético na forma de gordura. Mudança metabólica para toda a vida.

É certo que essa exposição é contínua e aparentemente ofertada por todos os alimentos processados, agrotóxicos, hormônios, antibióticos, elementos inaláveis provenientes de escapamentos de carros ou chaminés de indústrias, plásticos e outros. Apesar de não alterarem nossa sequência no DNA, é possível que modifiquem a expressão de alguns de nossos genes e que transfiramos tais mudanças para nossa descendência. Por outro lado, talvez algumas dessas substâncias nos transtornem apenas enquanto tivermos contato com as mesmas.

O bisfenol A, encontrado em plásticos, revestimentos de alimentos enlatados, pesticidas e outros produtos é transferido para nossos organismos mais comumente através do consumo de alimentos acondicionados em recipientes plásticos que contenham este elemento. O simples congelamento ou aquecimento do conjunto libera a substância para o alimento. Não à toa, perto de 90% daqueles que vivem nos ambientes urbanos apresentam níveis mensuráveis de bisfenol A em seus organismos. Um estudo recente utilizando camundongos sugere fortemente que essa substância impede perenemente a ação da leptina, hormônio da saciedade, junto ao seu local de ação no hipotálamo.

Espessantes utilizados para melhorar a palatabilidade de sorvetes, iogurtes, achocolatados e outros produtos, se mostraram capazes de interferir negativamente na produção intestinal de GLP-1, substância envolvida, entre outras ações, na modulação de centros da fome e saciedade. Talvez esse comprometimento seja reversível.

É quase certo que tudo que conseguirmos deduzir nessa procura trará a necessidade de atitudes, que, se tomadas, produzirão resultados após algumas gerações. No momento, restam bilhões de pacientes obesos e com sobrepeso, para os quais temos a obrigação de evitar a administração da fácil equação que subtrai supostos gastos energéticos do presumido total calórico ingerido, sem considerar as irrecusáveis ordens cerebrais.

Por Antonio Carlos do Nascimento
Atenção: O Saúde Canal da Vida é um espaço de informação, divulgação e educação sobre assuntos relacionados a saúde, não utilize as informações como substituto ao diagnóstico médico ou tratamento sem antes consultar um profissional de saúde. Este site não produz e não tem fins lucrativos sobre qualquer uma das informações nele publicadas, funcionando apenas como mecanismo automático que "ecoa" notícias já existentes. Não nos responsabilizamos por qualquer texto aqui veiculado.

domingo, 26 de março de 2017

Conheça a alfarroba, alimento riquíssimo em fibras e vitaminas

A alfarroba é uma vagem, parecida com o feijão, que pode ser usada como um substituto saudável do chocolate

Creme de chocolate (IStock/Getty Images)

Hoje em dia, os corredores dos supermercados estão repletos de produtos ditos diet, light, reduzidos em calorias, sem lactose, sem glúten, sem colesterol e sem muitas outras coisas. Existem também produtos com ingredientes novos e muitas vezes desconhecidos da grande maioria das pessoas, nesse grupo desponta a alfarroba.

A alfarroba é uma vagem, parecida com o feijão, de cor marrom escura e sabor doce. Sua árvore é nativa da costa do Mediterrâneo, mas, hoje em dia, é muito cultivada na região amazônica. Dentro da vagem tem o seu fruto, que é muito utilizado pela indústria de alimentos como ingrediente para algumas preparações.

A alfarroba é rica em fibras, que ajudam no bom funcionamento do intestino, prevenindo doenças, como a constipação. Além disso, possui vitaminas e minerais em sua composição, que, aliados a uma dieta rica em frutas, legumes e verduras, pode fornecer todos os minerais e vitaminas necessárias.

O mais interessante, é que a alfarroba pode ser usada como um substituto do chocolate, por ter características que se assemelham ao sabor e consistência. Hoje em dia, a indústria alimentícia utiliza a farinha de alfarroba para substituir o cacau na preparação de chocolate.

E esta substituição apresenta algumas vantagens, como a redução na quantidade de gordura – enquanto o cacau tem aproximadamente 23%, a alfarroba tem 1%. Além disso, o chocolate feito com a alfarroba, ao invés do cacau, é uma ótima alternativa para pessoas com intolerância alimentar, pois não possui glúten ou lactose. Ela também ajuda na cremosidade e viscosidade na preparação do produto.

Os amantes e os viciados em chocolate podem considerar essa substituição uma grande heresia, imperdoável e irresponsável, mas a opção existe. Conheça e decida!


fonte
Por Daniel Magnoni
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Usar desodorante antitranspirante causa câncer de mama?

Essa é uma das cinco dúvidas mais comuns sobre a doença, respondidas por Antônio Frasson, mastologista do Hospital Israelita Albert Einstein

Câncer de mama (iStock/Getty Images)

A internet é uma excelente ferramenta na disseminação de informações e conhecimentos. Ao mesmo tempo, serve também para propagar boatos e mitos sobre diversos temas.

Câncer é um dos tópicos favoritos, entretanto, informações incorretas, imprecisas, ou mesmo falsas, podem gerar angústias desnecessárias. São os chamados “mitos da internet”. Abaixo vamos discutir sobre alguns deles, sobre o câncer de mama:

1. Usar sutiã causa câncer?
Criado em 1914, o sutiã era uma invenção que tinha o objetivo de acomodar o seio, em detrimento do uso do espartilho, possibilitando moldá-lo, diminuí-lo, escondê-lo ou exibi-lo. Apesar de ser uma peça frequente do guarda-roupa feminino, muitas mulheres têm a preocupação que seu uso possa aumentar o risco de câncer de mama. Entretanto, não há estudos que comprovem esta visão.

Em junho de 2002, a Clínica Mayo, um importante centro de estudos norte-americano, realizou uma pesquisa com o objetivo de avaliar a relação entre o uso do sutiã e o risco de neoplasia mamária. Foi realizada uma comparação entre 1.044 mulheres diagnosticadas com carcinoma mamário entre 2000 e 2004, com 469 mulheres sem a doença. Nenhum aspecto relacionado ao uso do sutiã, incluindo o tamanho do bojo, número médio de uso em horas/dia e a idade em que começaram a utilizá-lo, foi associado ao risco de desenvolvimento da neoplasia.

2. Todos os nódulos da mama são câncer?
Considerada a queixa mais comum dos consultórios de mastologia, podendo chegar a 60% das consultas, os nódulos mamários, em sua maioria, correspondem a patologias benignas (70-75% dos diagnósticos), podendo apresentar conteúdo cístico ou sólido.

A glândula mamária sofre profundas mudanças durante a evolução da mulher, entre a menarca e a menopausa. Após a menarca (primeira menstruação), o tecido mamário pode responder de maneira exagerada aos estímulos hormonais fisiológicos, formando os fibroadenomas, que correspondem aos nódulos mamários mais frequentes. São nódulos com crescimento limitado e em geral, não ultrapassam dois centímetros, diminuindo o seu tamanho após a menopausa.

Portanto, ao palpar um nódulo, não há motivo para desespero, apenas consulte o mastologista que irá realizar o exame físico das mamas e solicitar os exames complementares que julgar necessário.

3. Próteses de silicone aumentam o risco de câncer?
Existem cerca de 10 milhões de mulheres em todo o mundo com implantes mamários. Nos Estados Unidos, assim como no Brasil, a mamoplastia de aumento é o procedimento cosmético mais realizado, com uma estimativa recente de mais de 550.000 implantes por ano.

Apesar de décadas de uso, a segurança em longo prazo dos implantes mamários continua a ser uma preocupação. Todavia, pesquisadores em Los Angeles, Califórnia, acompanharam 3.182 mulheres com implantes mamários por mais de 14 anos e mostraram que estas pacientes não apresentaram diferença na incidência de neoplasia, bem como não havia atraso na detecção da lesão. Outros seis estudos epidemiológicos publicados sobre o tema também relatam que o risco de câncer de mama é igual ou inferior à taxa esperada.

4. História familiar negativa para câncer de mama significa que não há motivos para preocupação com esta neoplasia?
Apenas 5% a 10% de todos os casos de câncer da mama são atribuídos a defeitos (mutações) em um número pequeno de genes que podem ser transmitidos de geração em geração. Estas famílias têm o que se chama de câncer hereditário. Dentre estas mutações, a mais comum está no gene BRCA1-BRCA2.

A atriz Angelina Jolie assumiu publicamente ser portadora de uma dessas mutações. Nessa situação, o risco do desenvolvimento do câncer de mama durante a vida da mulher está entre 50% a 80%. Uma mulher sem fatores de risco apresenta uma chance aproximada de 10% de desenvolver a neoplasia.

A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) recomenda que o rastreamento do câncer de mama deva ser realizado por TODAS as mulheres a partir dos 40 anos, com a realização periódica de mamografia ou outros exames complementares e avaliação clínica pelo Mastologista, visando à detecção precoce da neoplasia, com o objetivo de reduzir a mortalidade pela doença.

5. Usar desodorante antitranspirante causa câncer de mama?
Após a publicação de um estudo Suíço em setembro de 2016 no International Journal of Cancer que estabeleceu uma ligação em camundongos entre câncer de mama e sais de alumínio, a controvérsia sobre desodorantes ou, mais precisamente, acerca de sais de alumínio em antitranspirantes reacendeu novamente esta polêmica.

No entanto, nenhum estudo epidemiológico realizado em seres humanos conseguiu estabelecer uma relação direta entre os sais de alumínio e o risco de câncer de mama. Até esta data, apenas dois estudos com alto nível de evidência científica analisaram as consequências da aplicação regular de antitranspirantes, não havendo comprovação que o seu uso tenha influência no aumento do risco de se desenvolver a neoplasia.



fonte
Por Antônio Frasson
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Rio confirma mais dois casos de febre amarela

A secretaria municipal de Casimiro de Abreu, no interior do Rio, confirmou o quinto caso de febre amarela na cidade

Já são cinco casos de febre amarela no Estado do Rio, todos em Casimiro de Abreu. Uma pessoa morreu, três já receberam alta e uma permanece internada. (Fio Cruz/Divulgação)

A secretaria municipal de Casimiro de Abreu, na Baixada Litorânea fluminense, confirmou mais dois casos de febre amarela na cidade. O primeiro, um paciente de 68 anos, residente da área urbana, que ia com frequência para cachoeiras. Ele está internado no Hospital dos Servidores, no Rio, e seu estado de saúde é estável. O segundo paciente não teve a idade divulgada e, de acordo com a prefeitura de Casimiro de Abreu, se tratou na cidade e já teve alta.

Com esses já são cinco casos de febre amarela no Estado do Rio, todos em Casimiro de Abreu. Uma pessoa morreu, três já receberam alta e uma permanece internada.

Vacinação em massa
Diante do inesperado surto de febre amarela, o Rio de Janeiro decidiu que, até o final do ano, irá vacinar toda a população do Estado contra a doença.

(Com Estadão Conteúdo)

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Tratamento atóxico poderá reduzir a quimioterapia contra o câncer

Pesquisadores espanhóis estão testando o uso de de nanocápsulas inteligentes para o tratamento do câncer de pulmão

Eva Martín del Valle, professora de engenharia química e coordenadora do projeto, o tratamento em estudo poderá reduzir a toxicidade dos medicamentos convencionais. (Hemera/Thinkstock/VEJA/VEJA)

Um novo tratamento atóxico pode ser uma alternativa à quimioterapia no combate ao câncer, de acordo com pesquisadores da Universidade de Salamanca, na Espanha. O estudo tem como base o uso de nanocápsulas inteligentes capazes de reconhecer células cancerosas agindo diretamente sobre elas, especificamente em casos de câncer de pulmão.

“O que estamos tentando é abolir a dependência do paciente que passa duas horas em uma sala, submetido a tratamento, enquanto está recebendo a quimioterapia”, disse Eva Martín del Valle, professora de engenharia química e coordenadora do projeto, em comunicado publicado nesta quarta-feira.

O experimento in vitro consiste no desenvolvimento de um inalador aerossol que funcione de forma convencional, sem gerar reações adversas ao entrar em contato com o tecido pulmonar.

Segundo Eva, a técnica em estudo promete dar maior autonomia ao paciente em relação à administração do ciclo convencional dos medicamentos. O objetivo do experimento é diminuir a quantidade de fármacos reduzindo a toxicidade e melhorando seus efeitos. “80% do fármaco administrado não é utilizado, mas tem que ser metabolizado ou expulso pelo organismo”. A pesquisadora calculou, ainda, que em até dois anos os testes poderão ser realizados em ratos.
Câncer em impressões 3D

Por enquanto, para garantir a aprovação do uso deste tratamento, a equipe espanhola tem desenvolvido espécies de “tumores” utilizando impressoras 3D em compartimentos que permitem o crescimento das células tumorais de forma estruturada, para que os resultados sejam mais próximos da realidade e demonstrem maior segurança antes de começarem os testes em animais. “Sempre há um salto extremamente grande entre os testes in vitro em comparação com a experimentação in vivo. Não há nada no meio. E é aí que estamos, tentando desenvolver tumores em três dimensões, para ver como crescem e validar o que estamos desenvolvendo”, concluiu a cientista.

(Com EFE)
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sexta-feira, 24 de março de 2017

Vacina contra febre amarela não é ‘veneno mortal’

Sites inventam que problema teria sido descoberto após vacinação de 40 milhões de pessoas. Ministério da Saúde diz que vacina é "segura e eficaz"

Doses de vacina contra a febre amarela (Andre Borges/Agência Brasília/Divulgação)

Enquanto o Ministério da Saúde recomenda a vacinação contra a febre amarela em dezenove estados brasileiros, conta 144 mortos pela doença e 488 casos confirmados (números da última segunda-feira), sites como o Saúde, Vida e Família e o Pensa Brasil propagam o boato de que “Depois de vacinarem 40 milhões de pessoas, descobriram que a ‘VACINA DA FEBRE AMARELA É UM VENENO MORTAL’”.

A irresponsabilidade é a prova de que criar notícias falsas sobre mortes reais de pessoas não é o bastante para os profissionais da mentira na internet. Limites e consciência simplesmente não existem nesse ramo, que, por outro lado, pode ser bastante rentável: só no Saúde, Vida e Família, o conteúdo foi lido 939.200 vezes; no Pensa Brasil, foram 4.000 compartilhamentos.

Os dois sites têm entre seus anunciantes a Prefeitura de São Paulo, que veicula ali o programa “Nota do Milhão”, lançado pelo prefeito João Doria (PSDB) no início de março.

O texto mentiroso diz o seguinte:

“Um dos possíveis efeitos secundários da vacina Febre Amarela que já matou e incapacitou centenas de Brasileiros tendo sido confirmados 500 casos com esta vacina.

Esta vacina ataca diretamente o sistema nervoso e causa problemas de respiração, paralisia e pode até levar à morte.

[…]

Se tomas vacinas contra a Febre Amarela, é provável que estejas a ser envenenado aos poucos, pois sabe-se que estas contêm produtos químicos neurotóxicos e metais pesados em concentrações alarmantes! Para além disso, não existe uma forma segura de mercúrio, tal como não existe forma segura de heroína. Todas as formas de mercúrio são consideradas altamente tóxicas quando injetadas no corpo! compartilhe máximo que puder!”.



Por meio de nota enviada ao blog, o Ministério da Saúde, que comprou cerca de 12 milhões de doses da vacina e deve entregá-las até o final deste mês, garante que “as vacinas contra a febre amarela são seguras e eficazes quando administradas de acordo com as normas estabelecidas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI)”.

A pasta pondera que a vacina, “como qualquer imunobiológico”, é contraindicada a alguns grupos de pessoas, mas que “trata-se de uma vacina altamente imunogênica (confere imunidade em 95% a 99% dos vacinados), bem tolerada e raramente associada a eventos adversos graves”.

As contraindicações são a crianças menores de seis meses de idade e mulheres que estão amamentando bebês menores de seis meses de idade. Devem ser avaliados por um médico antes de vacinados: pacientes portadores de alguma imunossupressão, seja congênita ou adquirida, gestantes, pessoas acima de 60 anos, pessoas com reação alérgica grave à proteína do ovo ou gelatina.

“É muito importante o cumprimento dessas orientações, pois a vacinação de forma inadvertida poderá, mesmo que raramente, causar eventos adversos graves pós-vacinação”, adverte o ministério.

No meio do texto da notícia falsa, desembesta-se falar também sobre a vacina contra a gripe e os “riscos associados à mesma”:

“Segundo quase todas as histórias publicadas, as vacinas contra a gripe oferecem praticamente proteção certa contra a febre enquanto que o risco nunca é mencionado. Na própria bula é revelado que a vacina nunca foi submetida a ensaios clínicos científicos: ‘Não houve estudos controlados que demonstrem adequadamente uma diminuição na doença influenza após a vacinação com Flulaval’, é o que se pode ler no folheto informativo num texto minúsculo que ninguém lê”

Mesmo assim, as farmacêuticas e várias outras entidades incentivam à vacinação contra a gripe por parte de mulheres grávidas. A mesma entidade que admite que a vacina nunca foi testada, admite também abertamente que esta contém produtos químicos neurotóxicos!”

Na mesma nota enviada ao blog, o Ministério da Saúde esclarece que “todas as vacinas ofertadas no Sistema Único de Saúde passam por um processo rigoroso de avaliação de qualidade, obedecendo a critérios padronizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Após aprovação em testes de controle do laboratório produtor, cada lote de vacina é submetido à análise no Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS)”.

Por João Pedroso de Campos
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Ministério analisa incluir vacina da febre amarela no calendário

A proposta sugere incluir a vacina contra febre amarela no calendário nacional de imunização das crianças de todas as regiões do Brasil a partir de 2018

Frasco de vacina da febre amarela (Yasuyoshi Chiba/AFP)

O Ministério da Saúde estuda incluir a vacina contra a febre amarela no calendário nacional de imunização das crianças de todas as regiões do Brasil, não só das áreas consideradas endêmicas. A proposta é que a medida já comece a valer a partir do ano que vem. As crianças receberiam duas doses – a primeira aos 9 meses e a segunda aos 4 anos de idade.

“Estamos estudando a possibilidade de introduzir a vacina. É preciso avaliar o risco-benefício. Você tem que colocar na balança qual o benefício de dar essa vacina (em áreas que não têm casos da doença). O benefício é que em longo prazo, em 20 anos, teremos toda a população do Brasil imunizada e não precisaremos fazer uma campanha. Vou vacinando gradativamente. Mas tem os riscos”, afirmou a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, Carla Domingues, em seminário promovido pela Sociedade Brasileira de Imunizações, realizado nesta quinta-feira, em São Paulo.

Mudança de cenário
A mudança no cenário da transmissão de febre amarela está entre os fatores avaliados pelos técnicos da pasta. “Não havia transmissão da doença no Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. Com idas e vindas da população o tempo todo, a pessoa que mora no Rio Grande do Norte (um dos Estados que não têm transmissão da doença) pode vir trabalhar no Rio ou em São Paulo; traz o filho pequeno. Há cinco anos, o cenário era outro. Temos que nos adaptar a esse outro cenário.”, disse Carla.

Hoje, há 3.529 municípios com recomendação de imunizar a população contra a febre amarela – nesses, já funciona o esquema de vacinar crianças aos 9 meses e 4 anos. Outros 113 foram incluídos como áreas de vacinação prioritária por causa da transmissão da doença. A estimativa do ministério é que ainda tenham de ser vacinados 25,5 milhões de pessoas com idades entre 15 e 59 anos.

(Com Estadão Conteúdo)
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Estudo: contágio de dengue ocorre a até 200 metros de casa

Pesquisa publicada na revista 'Science' revela que infecção do vírus costuma acontecer em uma distância de até dois quarteirões da residência

Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue e da febre amarela urbana. (VEJA/Dedoc)

A maioria das transmissões de dengue ocorre dentro ou perto de casa. Além disso, casos inter-relacionados acometem pessoas que moram a 200 metros umas das outras, distância equivalente a dois quarteirões. As descobertas foram publicadas nesta quinta-feira na revista científica Science.

Pesquisadores da Escola Bloomberg de Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, sequenciaram os vírus de 640 infecções de dengue ocorridas entre 1994 e 2010, em Bangcoc, na Tailândia, em áreas com diferentes densidades populacionais. Eles, então, cruzaram as informações com um mapa da residência dos indivíduos afetados.

O resultado foi revelador. Entre as pessoas que viviam a até 200 metros de distância entre elas, 60% foram contaminadas pela mesma corrente de transmissão, isto é, por um vírus recentemente introduzido na área. Já entre aquelas que moravam a 5 quilômetros de distância, a corrente era semelhante em apenas 3% dos casos.

Combate ao Aedes aegypti
De acordo com os estudiosos, em uma mesma temporada de contágio, 160 correntes de transmissão diferentes circulam simultaneamente em Bangcoc. A diversidade é menor em áreas com maior densidade populacional.

Entender o processo de transmissão da doença pode ajudar a elaborar estratégias de combate ao mosquito Aedes aegypti, vetor de dengue, chikungunya, febre amarela e zika vírus. Algumas medidas possíveis são monitorar focos do inseto em locais de alta contaminação e vacinar os moradores nessas áreas. Em 2016, a dengue infectou cerca de 1,5 milhão de brasileiros e provocou mais de 600 mortes.

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‘Erros’ aleatórios no DNA causam maioria das mutações do câncer

Dois terços das mutações que dão origem a tumores malignos são provocadas por falhas no processo de cópia do DNA e são inevitáveis, indica estudo

Mesmo excluindo fatores externos e hereditários, ainda existe um "risco básico" de uma pessoa desenvolver câncer por conta de mutações aleatórias nas células (Cosmin4000/iStock)

“Erros” imprevisíveis durante o processo de cópia do DNA são responsáveis por dois terços das mutações que podem levar ao desenvolvimento de câncer, revela um estudo divulgado nesta quinta-feira na revista Science. Coordenada por cientistas da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, a pesquisa analisou dados de 4,8 bilhões de pessoas – mais da metade da população mundial – de 69 países diferentes, utilizando uma nova fórmula matemática para avaliar a proporção das mutações que provocavam o crescimento anormal das células. A descoberta pode ajudar a compreender por que pessoas que seguem um estilo de vida saudável e não possuem histórico de câncer na família desenvolvem a doença mesmo assim.

“É bem conhecido que fatores ambientais, como fumar, devem ser evitados para diminuir o risco de câncer. Porém, não é bem conhecido que, cada vez que uma célula normal se divide e copia seu DNA para produzir duas novas células, ela comete vários erros”, afirma Cristian Tomasetti, professor de bioestatística no Centro para Câncer Johns Hopkins Kimmel e um dos líderes da pesquisa, em comunicado. Segundo ele, esses erros no processo de cópia são uma fonte potente de mutações cancerígenas que tem sido cientificamente subestimada. “É a primeira vez que alguém olhou para a proporção dessas mutações em diferentes tipos de câncer e relacionou a esses fatores.”

Segundo os pesquisadores, para os 32 tipos de câncer analisados, os resultados mostram que essas falhas acontecem aleatoriamente durante o processo de duplicação das células. As outras mutações são frutos de fatores externos, como ambiente ou estilo de vida, que são responsáveis por 29% das mutações, ou fatores hereditários, que estão presentes em 5% dos casos. De acordo com os estudiosos, esses erros, que ocorrem naturalmente durante a divisão celular, são imprevisíveis, independem da conduta da pessoa e, portanto, não podem ser evitados – segundo os novos cálculos, cada vez que uma célula se divide, três erros são cometidos aleatoriamente na duplicação do DNA. Geralmente, eles não são prejudiciais – porém, se ocorrerem duas ou mais mutações críticas, o câncer pode aparecer.

Os pesquisadores afirmam que os resultados encontrados estão de acordo com dados da organização britânica Cancer Research UK, que mostra que 42% dos casos de câncer podem ser prevenidos ao evitar hábitos e ambientes nocivos à saúde. Segundo o médico Bert Vogelstein, outro autor do estudo e co-diretor do Centro Ludwig, que integra o Centro para Câncer Johns Hopkins Kimmel, o foco da pesquisa recém-publicada está nos outros 58% dos casos, que não são exclusivamente causados por fatores hereditários. “É parte da evolução. Não podemos fingir que esses erros não existem”, afirma. Essas falhas, de acordo com Vogelstein, explicam por que algumas pessoas que levam uma vida saudável, não são fumantes, estão dentro do peso ideal, estão expostas a poucos ou nenhum carcinogênicos conhecidos e não têm histórico de câncer na família desenvolvem a doença.

Cenário mundial
Em 2015, Tomasetti e Vogelstein já haviam publicado, também na Science, um estudo revelando que esses erros no processo de cópia do DNA poderiam explicar por que certos tipos de câncer em tecidos cujas células sofrem muitas divisões, como o câncer colorretal, são mais comuns do que outros, como o de cérebro. Os dados utilizados pela dupla em sua avaliação, no entanto, correspondiam apenas aos Estados Unidos e, por isso, alguns cientistas argumentaram que eles refletiam a incidência de câncer em um ambiente limitado. Além disso, as análises não incluíam câncer de próstata e de mama, duas das formas mais comuns da doença.

No novo estudo, além de expandir a investigação a outros países ao redor do globo, os pesquisadores adicionaram dados sobre esses dois tipos de câncer. O foco, no entanto, era descobrir qual é a porcentagem de mutações causadas pelas falhas nas cópias do DNA para cada uma das 32 formas de câncer avaliadas. Isso corresponderia ao “risco básico” que uma pessoa tem de desenvolver a doença, independentemente do ambiente em que está ou do histórico familiar. “É uma mistura de fatores que, juntos, aumentam as chances de desenvolver câncer”, afirma Tomasetti.

No caso do câncer de pâncreas, por exemplo, 77% das mutações que levam ao surgimento de tumores são provocadas por falhas aleatórias, enquanto 18% se devem ao ambiente e ao estilo de vida da pessoa e os outros 5% à hereditariedade. O câncer de pulmão, por sua vez, apresenta um cenário completamente diferente, em que 65% de todas as mutações são provocadas por agentes externos, como fumar, e 35% são consequência de erros nas cópias do DNA. A herança genética não apresenta um papel conhecido no desenvolvimento desse tipo de câncer.

Para chegar a esses valores, os autores desenvolveram uma nova fórmula matemática usando dados de sequenciamento de DNA do Atlas do Genoma do Câncer (TCGA, sigla em inglês) e informações epidemiológicas coletadas pelo Cancer Research UK. Depois, recorreram a 423 bases de dados internacionais para comparar o número total de divisões de células-tronco normais e a incidência de câncer em ambientes completamente diferentes. Surpreendentemente, os resultados dão suporte aos dados obtidos pela dupla dois anos atrás. Eles encontraram uma forte correlação entre a incidência da doença e o número de divisões em 17 tipos de câncer, demonstrando que, quanto mais as células se duplicavam para formar determinados tecidos, mais chances elas tinham de cometer erros no processo, independentemente de fatores externos.

Por conta disso, sociedades que estão passando por um processo de envelhecimento da população podem apresentar com mais frequência tipos de câncer que têm maior influência de falhas aleatórias. Segundo Volgestein, conforme a pessoa envelhece, suas células se dividem cada vez mais, cometendo mais erros e, consequentemente, fazendo com que mais mutações apareçam. “E essas mutações só vão aumentar no futuro”, adiciona.

Detecção precoce
Os cientistas afirmam que, no caso de tipos de câncer que têm pouca influência das mutações aleatórias, a prevenção primária, como evitar fatores ambientais que podem levar ao desenvolvimento do câncer, ainda é a maneira mais eficiente de evitar que a doença apareça. Porém, para tipos de câncer nos quais as mutações são causadas principalmente por falhas imprevisíveis, a prevenção secundária, que inclui detectar o tumor enquanto ele ainda pode ser curado, é a única opção. “Há poucos esforços para desenvolver métodos de detecção precoce”, lamenta Volgestein. “Ainda estamos presos nos mesmos modelos de anos atrás.”

Embora as mutações aleatórias não possam ser prevenidas e a ciência saiba pouco sobre elas ainda, os pesquisadores salientam que é importante manter hábitos saudáveis e evitar fatores de risco. “O que as pessoas podem fazer agora? Nada, no momento. Mas isso não significa que devemos aumentar o número de mutações nos expondo a agentes nocivos”, conclui Volgestein.

Por Leticia Fuentes
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