sexta-feira, 17 de março de 2017

Óleo de krill: a nova fonte de ômega-3

O óleo de krill, molusco abundante em águas polares do hemisfério sul, é uma fonte de ômega-3 superior àquele proveniente de peixes

Krill (iStockphoto/Getty Images)

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo e estão associadas a fatores de risco como altos níveis de colesterol, hipertensão arterial, diabetes e obesidade. Esses fatores de risco podem iniciar o processo inflamatório nas artérias, chamado aterosclerose, que leva à formação de placas que obstruem os vasos sanguíneos.

O colesterol LDL elevado (mau colesterol) está diretamente ligado ao aumento do risco de doenças cardiovasculares, de forma inversa, o aumento do colesterol HDL (bom colesterol) reduz o risco cardiovascular. O controle da inflamação arterial, seu processo inicial ou manutenção ao longo da vida, possui lugar de destaque nas medidas mais atuais na prevenção da aterosclerose. Nesse sentido, a redução dos níveis de triglicérides, que quando elevados aumentam a resposta inflamatória, é uma medida de consenso nas diretrizes de prevenção da doença cardiovascular.

A ingestão, por meio da alimentação, de gorduras saturadas, presentes em alimentos de origem animal e em óleos vegetais como o de palma, elevam os níveis de colesterol, principalmente o LDL e aumentam o risco cardiovascular. As gorduras insaturadas são divididas em monoinsaturadas e poli-insaturadas, sendo as principais os ômegas 3, 6 e 9. As gorduras monoinsaturadas, como o ômega-9 presente no óleo de oliva e de canola, ajudam a reduzir o LDL, principalmente quando utilizadas em substituição a gorduras saturadas. O ômega-6, poli-insaturado, está presente em óleos de soja, milho e canola, e é necessário para originar componentes importantes em muitas funções do organismo.

O ômega-3 é importante para o crescimento, visão e desenvolvimento cognitivo e também auxilia na proteção do sistema cardiovascular, aumentando os níveis de HDL, promovendo redução do nível sanguíneo de triglicérides e do colesterol LDL. A redução dos valores de triglicérides no sangue promove a diminuição do processo inflamatório. Pacientes com triglicérides elevados apresentam níveis aumentados de inflamação arterial.

Os ômega-3, basicamente são compostos pelos ácidos docosaexaenoico (DHA) e ácido eicosapentaenoico (EPA), de origem preferencialmente marinha, e pelo ácido alfa linolênico (ALA), de origem vegetal, esse último com baixa atuação direta na redução do processo inflamatório. O consumo terapêutico de EPA e DHA pode ser obtido através da ingestão de peixes ricos em ômega-3 ou através da suplementação por cápsulas.

A suplementação por cápsulas é uma forma de aumentar a ingesta de ômega 3, tentando atingir as doses de 1 a 3 gramas diárias associadas, na literatura medica, com redução efetiva do triglicérides sanguíneo. Inicialmente o ômega-3 encapsulado provinha de peixes marinhos, de águas geladas e profundas. Existia também a possibilidade de produção de ômega 3 a partir de algas cultivadas em fazendas marinhas. Na atualidade, desponta o ômega 3 originário do krill, molusco abundante no hemisfério sul, em águas polares.

O krill é um crustáceo marinho parecido com o camarão, mas muito pequeno, que serve de alimento para animais como peixes, focas e baleias. Ele é rico em proteínas e, assim como os peixes, também é uma fonte natural de ômega-3. O ômega-3 do krill difere do proveniente dos peixes por possuir uma absorção mais eficiente, o que significa que é possível obter resultados semelhantes com a ingestão de menor quantidade. Ele também contém antioxidantes naturais que, além de promoverem maior estabilidade aos componentes do óleo, também colaboram metabolicamente na redução dos processos inflamatórios.

Uma das dificuldades em utilizar o ômega-3 de origem animal nas prescrições médicas e nutricionais reside na baixa absorção intestinal e/ou na sua baixa dose por cápsula. Os pacientes, para efetivamente receberem as doses validadas na literatura científica, precisam ingerir de quatro a oito cápsulas diariamente. Com o óleo proveniente do krill, as doses podem ser reduzidas em até 60%.

A documentação efetiva da eficácia do óleo de krill, na literatura científica, vem sendo avaliada pelo Índice Ômega-3, utilizado em diversas publicações como método para quantificar diretamente a incorporação do ômega 3 pelas membranas da hemoglobina, que, comparativamente entre o animal e o de krill, mostra uma significativa superioridade do krill.

Na atualidade, a grande fronteira clínica consiste em documentar, além da maior absorção e incorporação celular do ômega 3 originário do krill, a sua efetiva redução do processo inflamatório e a relação com os eventos cardiovasculares de maior importância, como infartos e acidentes vasculares cerebrais.

Por Daniel Magnoni
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