sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Reposição hormonal: uma terapia sob suspeita


Na década de 80, a terapia de reposição hormonal (TRH) tornou-se panaceia. Nós, médicos, acreditávamos que esse tipo de conduta prevenia doenças – inclusive cardiovasculares e alguns tumores – prolongava a juventude e mitigava os desagradáveis sintomas da menopausa.

A partir do fim dos anos 90, a literatura médica mudou o paradigma. Vou citar aqui o mais importante dele. Em 2002, o National Institute of Health, dos Estados Unidos, UA, abriu um braço de sua pesquisa irrefutável pela metodologia e pela ausência de conflito de interesses, para mostrar que a TRH não reduzia o risco de doenças cardiovasculares e, em alguns casos, notava-se até um aumento considerável. Além disso, confirmou o impacto no aumento de risco de casos de câncer de mama. Esse estudo deu início a um processo de reavaliação do conceito e do uso de hormônios após a menopausa. A TRH, então, caiu no limbo, por assim dizer.

Como é hoje
Atualmente, digo que buscamos o bom-senso. Um meio termo, distante de radicalismos. Evitamos a indicação da reposição combinada contínua de estrógeno e progesterona. Ela é prejudicial para as mamas. Mas há boas alternativas. A comunidade científica estudou o efeito de outros hormônios, doses mais baixas de compostos e vias diferentes de administração.

Os problemas são, de certa forma, tratados de forma mais particular. A atrofia vaginal pode ser tratada com cremes, laser de CO2 e radiofrequência. As ondas de calor, com fitoterápicos. Hoje, damos extrema importância ao impacto do estilo de vida. Uma alimentação equilibrada, a prática de exercícios físicos, são coadjuvantes fundamentais nesse processo. Esses hábitos evitam ou amenizam os problemas que podem tornar o processo do envelhecimento mais sofrido – o sobrepeso e a osteoporose, por exemplo.

Em síntese, as mulheres devem, sem angústia, discutir com seu médico os riscos e benefícios do tratamento, e somente usar a reposição se for necessária para diminuir sintomas da menopausa, pelo menor tempo possível e na menor dose.

Meu pai, o saudoso dr. Pinotti, dizia que é preciso manter a permanente dúvida descartiana. A dúvida deve estar na mente de qualquer pesquisador. Assim como o ditado francês: “Na medicina como no amor, não há sempre nem nunca.

Por: Marianne Pinotti
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